segunda-feira, 23 de julho de 2012

Recife se consolida na rota do e-music e cria ascendente mercado de trabalho



Nem só de frevo e maracatu se caracteriza o cenário musical da capital pernambucana. Nos últimos quatro anos, uma tendência vem tomando conta da cidade: os eventos de música eletrônica que, cada vez mais frequentes, reúnem principalmente jovens das classes A e B. Mas esse fenômeno vai além de mais uma possibilidade de entretenimento: representa uma nova área de atuação, desde a carreira de produtor à de DJ.

Ela já trouxe nomes como Armin van Buuren, Astrix, Infected Mushroom, Above & Beyond e David Guetta. A produtora da Reality, Juliana Cavalcanti, lidera a lista dos profissionais que decidiram investir em festas de e-music no Recife. E apostou alto: os eventos produzidos por Juliana demandam investimentos de R$ 100 mil a R$ 800 mil.
 
Juliana Cavalcanti traz festas de grande porte para a cidade, com investimentos de até R$ 800 mil 

 (Nando Chiappetta/DP/D.A Press)
Juliana Cavalcanti traz festas de grande porte para a cidade, com investimentos de até R$ 800 mil
“O valor investido varia de acordo com o custo do artista, o local de realização e os equipamentos de som e iluminação”, pontua a produtora, que chegou à conclusão de que as atrações estimulam, inclusive, o turismo. De acordo com Juliana, em grandes eventos 20% do público total é proveniente de outros estados do Nordeste. Desse percentual, Paraíba e Rio Grande do Norte representam os frequentadores mais assíduos.

Com apenas 21 anos, o produtor da Delux Night Life, Thiago Wellk, já figura no cenário da e-music. Responsável por trazer à capital pernambucana DJs como Avicii, Above & Beyond e Gareth Emery, o jovem produtor aposta no mercado: “Investir em eventos eletrônicos é arriscado e requer conhecimento. Passei mais de três anos fazendo pequenas festas para poder investir em eventos de médio porte”, explica Wellk.

Em boates, o produtor investe R$ 40 mil e reúne um público médio de mil pessoas. Já para os eventos de médio porte, Thiago reserva um investimento de R$ 400 mil a R$ 500 mil, suficientes para um público médio de cinco mil pessoas. Ainda segundo ele, o faturamento gira em torno de 30% do custo.


Seja ele pequeno, médio ou grande, para atrair o público, um evento precisa de muito mais do que DJs. Técnico de iluminação, engenheiro de som, publicitário, assessoria de imprensa e equipe de produção atuam de forma conjunta para fazer a noite dos amantes do gênero eletrônico. Os cuidados vão desde o planejamento financeiro até a adequação de luz e som ao ambiente, passando pela organização da logística do artista, pelo planejamento de mídia e, finalmente, pela operacionalização do evento.

Recifenses investem em curso de DJ
O bancário Israel Stephani, 22, troca de vocação quando assume o controle do som. Amante do gênero eletrônico, Israel passou este ano por um curso ministrado pelo DJ Caverna — conhecido pelas badaladas festas da cidade.  Familiarizado com as batidas, o jovem comprou uma mesa de equipamentos e, convidado pelo seu professor, passou a figurar em algumas festas noturnas. “Desde junho, atuo no mercado da música. Neste mês de experiência, já toquei em uma boate e em duas festas particulares. É um hobby para mim”, afirma o DJ.
Segundo o produtor Thiago Wellk, o lucro em um evento de grande porte gira em torno de 30% do faturamento (Nando Chiappetta/DP/D.A Press)
Segundo o produtor Thiago Wellk, o lucro em um evento de grande porte gira em torno de 30% do faturamento
Assim como Israel, outros pernambucanos têm buscado aprender o modo de fazer da música eletrônica. Responsável pela Sound Mix -- Professional DJ School, o professor e DJ Caverna oferece três módulos aos amantes da e-music: o primeiro, para iniciantes; o segundo, intermediário, e o terceiro, avançado. Com dois encontros semanais, o curso totaliza oito aulas, que duram de uma hora e meia a duas horas e meia. O preço do curso varia de R$ 600 a R$ 1,2 mil.

Caverna explica que os horários das aulas se adequam à disponibilidade do aluno. “Costumo dar aulas nos três turnos, e prezo bastante pelo aprendizado. Por isso, as turmas podem ter, no máximo, seis alunos, para que a atenção seja otimizada. Ainda assim, prefiro reunir em uma turma apenas quatro alunos”, explica o DJ, que ministra o curso também de forma particular.

E quem pensa que a faixa etária abrange apenas os mais novos está enganado. Caverna afirma que tem alunos de 12 a 60 anos. “Nosso público não se restringe à idade, apesar de a maioria dos aprendizes ter de 14 a 30 anos”, afirma o DJ, que completa: “A busca aumentou nos últimos tempos, afinal, a música eletrônica virou uma tendência. Além disso, a maioria dos meus alunos depende dos pais para pagar o curso. Então, se esse mercado está crescente na cidade, justifica que um pai tire do bolso um valor para investir no curso para o filho”.

Quanto às perspectivas de mercado, o DJ chama atenção para a expansão das oportunidades com o destaque recifense na rota da música eletrônica. Ele defende que, para conquistar reconhecimento como DJ, é preciso passar pelas dificuldades do momento inicial. “Quem começa como DJ ganha, em média, um cachê de R$ 150. Não é fácil começar, tudo vem com a experiência. Nenhum DJ pernambucano ganha mais de R$ 2 mil de cachê por festa. Mas, conquistando visibilidade, o mercado torna-se muito bom”, garante.

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